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Nas redes sociais, exposição egocêntrica é confundida com compartilhamento colaborativo


Quem olha de fora, acha que os usuários assíduos das redes sociais, são um bando de exibicionistas que encontraram finalmente um espaço para se expor.

Sob o ponto de vista psicológico, essa visão não deixa de ter seu fundamento, pois no final das contas, todo ser humano tem essa pulsão.

Por outro lado, quem pensa assim acaba evidenciando sua incapacidade para compreender um novo paradigma que se impõe e que assim como qualquer modelo paradigmático, exige uma nova forma de pensar e interpretar a dinâmica social.

Durante o processo de implantação das redes sociais, aprendemos a compartilhar a vida cotidiana; e a partir dessa observação do outro, aproveitamos o que nos é conveniente.

As fotos e comentários da sua viagem de férias podem servir de material de referência para outros desconhecidos que no futuro estarão planejando suas próprias férias. Esse é o paradigma do compartilhamento e da colaboração.

Quando decidi estudar a dinâmica das redes sociais, optei vivenciá-las como um “heavy user”. Assim sendo, por exemplo no campo do entretenimento, é essa observação do cotidiano alheio que pauta a maioria dos restaurantes, cinemas e passeios que faço/frequento, e não mais exclusivamente a imprensa especializada.

Nas últimas viagens que fiz, não consultei mais guias de viagens. Escolhi lugares, hotéis e restaurantes, apenas a partir de registros publicados por outras pessoas (do mundo todo), ou consultando diretamente meus contatos nas redes sociais.

É esse o mesmo tema que pretendi lançar num post anterior, com o título provocativo: Redes Sociais não são espaços para expor "o que você está fazendo agora".

Algumas pessoas não entenderam, acreditando que eu pretendia ditar regras de comportamento. Não é isso. Ou melhor, exatamente o contrário.

Já ouvi pessoas criticando as redes sociais por conterem apenas banalidades do cotidiano. Por isso, resolvi escrever o post. Não sou contra a proposta de expor “o que você está fazendo”. Não vejo isso como uma banalidade cotidiana, mas uma nova forma de compartilhar experiências de vida.

É a partir dessas publicações cotidianas que a sociedade do paradigma das redes troca experiências de vida, compartilha ideais e cria suas regras sociais.

No meio disso tudo há claro, aquilo que não lhe é último. A internet em si, está repleta de lixo. Essa é a característica desse modelo e não o seu fim. Aptidão para a pesquisa é o dom que evidencia as pessoas do mundo digital.

Assim sendo, se por acaso souber de um bom restaurante em Milão, por favor, não deixe de publicar um comentário no twitter, facebook, foursquare, foodspotting...


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Crédito da imagem: John Picken

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