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Privacidade na era do Big Data

O que você faz entre quatro paredes não interessa a mais ninguém além de você,
por isso não deveria ser registrado no celular.

A internet e as redes sociais propuseram uma nova dinâmica para o compartilhamento de informações em nossa sociedade. Esse dinamismo parece estimular uma “exposição voluntária” do indivíduo. É muito comum ver pessoas tornando públicas informações que décadas anteriores eram consideradas “privadas”.

Na era do big data, diversas informações sobre um mesmo indivíduo são registradas na internet. Há diferentes desdobramentos para um fato tão importante como esse. O mais óbvio é a possibilidade de rastreio e vigilância de uma determinada pessoa. O ex-funcionário da CIA, Edward Snowden, tornou público em 2013, um programa de vigilância do governo americano. Sob certo aspecto, é válido considerar que antes mesmo do governo, a própria sociedade passa o dia vigiando e controlando os passos digitais de seus amigos pelas redes sociais.

A disposição pela exposição é o artifício por trás de qualquer rede social. Esse artifício também está presente em muitas das campanhas de comunicação e ações inovadoras que apresentam características colaborativas e interativas. Por trás há sempre algum aspecto que envolve a exposição do consumidor. Hoje o consumidor quer participar da propaganda, algo pouco comum antigamente.

Esse é o cenário atual, é onde nos encontramos. Não pense que você está isento, escondendo-se atrás das configurações de privacidade do Facebook. Se você gosta de brincar de Instagram no seu iPhone, então você faz parte dessa sociedade da (auto)exposição. Manter o perfil do Instagram fechado apenas restringe sua audiência, nada mais do que isso. Você não tem controle completo sobre sua imagem na rede. Na era do big data, há mais rastros digitais sobre nossas vidas do que imaginamos.

Numa rápida consulta à web, todos saberão em qual classificação um determinado jovem estudante entrou na universidade. Nos anos seguintes, se ele ganhar algum concurso, isso também ficará registrado na internet. Quando casar, com certeza o fotógrafo da cerimônia aproveitará algumas fotos para o seu portfolio online. O videomaker publicará no Youtube. Se um dia ele participar de um processo judicial, isso será registrado na internet. Conclusão: você estará na web, seja por vontade própria, ou não.

Assim, não é a configuração do seu perfil que vai salvar sua reputação, mas a consciência crítica de tudo que é publicado. Vou mais longe, a consciência dos seus atos públicos. O que você faz entre quatro paredes não interessa a mais ninguém além de você, por isso não deveria nem ser registrado no celular. Já o que acontece além dessas paredes pode cair na rede com mais facilidade, mesmo sem a sua intenção. Esteja ciente disso.


Crédito da imagem: John Morgan
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Publicado originalmente no blog Just Cool em XX/05/2014. 


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