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Terceira idade já adotou o smartphone

por Ingrid Calderoni (Mavens)



Quando você pensa em smartphone, com tela touchscreen, cheio de funcionalidades e aplicativos, já o imagina sendo usado por alguém nos seus vinte e poucos anos, super por dentro das novidades da tecnologia, não é? Mas um estudo conduzido pela Nielsen mostra que a faixa etária que está fazendo muito sucesso com a nova geração de smartphones é a terceira idade.

Isso significa que aquela ideia de que nossos avós usam aqueles celulares velhos perdidos pela casa não é mais o que acontece: de acordo com a pesquisa, norte-americanos entre 55 e 64 anos estão comprando smartphones como Samsung Galaxy e BlackBerry 10, adotando a tecnologia mais rapidamente que qualquer outra faixa etária.

Eles fazem parte de 30% do total dos donos de smartphone nos Estados Unidos, e representam um aumento de 5% nas vendas de celulares inteligentes no país. Apesar dos números mostrarem que nossos avós são mais tecnológicos do que pensávamos, a terceira idade ainda tem muito chão pela frente, para conseguir alcançar a maior parcela de compradores e usuários de smartphone entre 25 e 34 anos, que ocupa atualmente a fatia de 62% do mercado.

Apesar do principal público para smartphones e tablets ainda ser os jovens de vinte e poucos anos, a qualidade de vida em países desenvolvidos como o Japão e Estados Unidos é tão alta, que há um grande contingente de idosos, reforçando uma outra tendência: a dos smartphones desenvolvidos especialmente para esta faixa etária.

Um projeto de smartphone para idosos que até ganhou o prêmio Universal Designs Award na Alemanha é o Raku-Raku, desenvolvido pela japonesa de tecnologia Fujitsu. Um dos destaques do celular é a sensação táctil que se tem quando se usa o teclado touchscreen, que lembra bastante os botões analógicos dos antigos telefones. Os menus e a navegação pelos aplicativos neste smartphone para iniciantes são também muito mais intuitivos e fáceis de assimilar, para quem não é muito experiente em produtos super hi-tech. Outro problema recorrente enfrentado pela terceira idade é o tamanho das letras e ícones no celular, coisa que foi adaptada neste modelo japonês de smartphone.

Smartphones com tela grande e tablets também estão fazendo muito sucesso entre os integrantes da ‘melhor idade’, que também estão participando das redes sociais como o Facebook e Skype de forma cada vez mais ativa. Uma outra pesquisa publicada pelo Pew Institute mostra que 43% dos entrevistados com idade entre 65 anos, usam as redes sociais para ficar em contato com a sua família e amigos.


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Contribuição da agência Mavens (Londres) para o blog e-Code. Artigo escrito por Ingrid Calderoni.
Imagem: 

Smartphone: brincadeira de criança

por Paula Zanardi (Mavens)


Itens coloridos, tela interativa, sons, imagens e jogos divertidos; não há criança que não queira brincar com os novos celulares smartphone ou tablets. Os nascidos na era digital vieram com os dedinhos rápidos e muita facilidade em aprender a usar as tecnologias, mas o problema vem na hora de entregar o aparelho aos pequenos, como limitar seu acesso à conteúdos inapropriados?

Segundo pesquisa realizada pelo NIC br – Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR – no Brasil mais da metade das crianças entre cinco e nove anos já usaram um celular. Das que fazem uso da internet, 90% a utilizam para jogos online. Se a criança possui seu próprio tablet ou smartphone ou utiliza o dos pais para brincar é bom manter um olho vigilante sobre suas atividades, principalmente em jogos online ou redes sociais para evitar o contato com pessoas desconhecidas.

Cabe à família decidir quanto tempo a criança pode brincar com o dispositivo, alternando estes momentos com brincadeiras lúdicas e sociais. Manter um diálogo aberto com a criança é a chave para estar sempre informado sobre o tipo de uso que faz do aparelho. Entre os aplicativos mais interessantes para manter os pais tranquilos estão aqueles que bloqueiam e pré-selecionam conteúdos destinados a este público.

O KidBox é um destes, disponível para várias plataformas inclusive BlackBerry, o aplicativo permite o acesso a vídeos do youtube selecionados por pais e professores de acordo com a idade da criança. Seu layout é desenvolvido de maneira que os pequenos que ainda não aprenderam a ler podem usar, com alguns cliques eles podem se comunicar com parentes e amigos pré-aprovados pelos pais. Além de suas configurações de segurança o aplicativo também possui jogos e atividades educativas.

Para os mais “grandinhos” que já querem ter o seu próprio aparelho, mas que ainda não sabem cuidar de um gadget tão delicado, existem aparelhos no mercado que foram desenvolvidos exclusivamente para esse público. O celular HW-01D é a prova d’água e nele é possível limitar o acesso das crianças ao conteúdo da internet. Além disto, este modelo possui um aviso sonoro que pode ser ativado pela criança ao ser aproximada por pessoas estranhas, o alarme tem potência de até 100 decibéis o que equivale ao barulho produzido por uma motosserra.

O 1stFone também permite a configuração de todos os acessos. Foi desenvolvido para crianças mas também é apresentado como uma facilidade para a terceira idade que quer participar da era digital sem muitas complicações.



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Contribuição da agência Mavens (Londres) para o blog e-Code. Artigo escrito por Paula Zanardi.
Imagem: Rozzie Sanders

O índio e os smartphones

por Paula Zanardi (Mavens)


A cultura da humanidade está cada vez mais moldada pela tecnologia. Marcas como a BlackBerry e outras estão criando modelos de smartphones cada vez mais acessíveis e populares, mudando a maneira como nos relacionamos com o mundo. Quem não olha seus e-mails ou updates das redes sociais em seus celulares inteligentes ao acordar, que atire a primeira pedra.

A questão indígena no Brasil costuma ser um assunto delicado. Quando surge uma reinvindicação indígena – seja por demarcação de terras ou acesso aos seus direitos – a opinião do país se divide e o debate se inicia. Alguns questionam se seu acesso a cultura do homem branco é benéfica à esta minoria.

A partir do primeiro contato entre portugueses e índios pode-se dizer que nenhuma das culturas continuou a mesma. Os portugueses logo assimilaram a cultura indígena, pela comida com a mandioca e o biju (um biscoito feito de farinha de mandioca). A língua mudou e as palavras de origem indígena passaram a fazer parte do vocabulário brasileiro; abacaxi, capoeira, Ipanema, curió, tapioca, guaxe, igarapé. O hábito do banho diário também foi incorporado, e aqueles que não o praticam podem ser vistos com maus olhos no Brasil.

A cultura indígena também foi influenciada e modificada pelo contato, e continua sendo até hoje. O interessante é notar como as nossas tecnologias são aceitas e adaptadas dentro da cultura indígena. Os smartphones, por exemplo, foram incorporados e seu uso representa uma grande melhoria para algumas sociedades indígenas.

O povo Suruí localizado entre Rondônia e Mato Grosso, vive numa reserva de 248 mil hectares de floresta protegida. Sob a liderança do cacique Almir os indígenas foram capacitados pela Google para usar smartphones para captar fotos das madeireiras ilegais que derrubam árvores dentro da reserva, com o GPS do aparelho eles conseguem marcar a localização do crime e enviar os dados para a Polícia Federal e Funai.

Um outro uso dos smartphones em prol da cultura indígena é o que tem feito o pesquisador australiano Steven Bird. O professor da Universidade de Melbourne desenvolveu um software que permite gravar a língua e traduzi-la, como as línguas indígenas não se utilizam da palavra escrita o programa utiliza apenas ícones. Bird levou 15 smartphones para a Amazônia para registrar histórias tradicionais. Depois de gravadas o software traduz frase por frase para o português. CDs com cópias são deixados para a população local para uso nas escolas indígenas.

O vídeo nas aldeias é um projeto criado em 1980 que apoia as lutas dos povos indígenas por meio de recursos visuais. Trata-se de filmes e documentários co-produzidos entre indígenas e profissionais da área.

O projeto hoje se tornou uma ONG e seus filmes, além de formar um grande acervo, são reconhecidos internacionalmente. A popularização dos smartphones deu uma nova cara ao projeto, os equipamentos pesados passam a dar lugar aos celulares dos próprios indígenas, a produção de filme se tornou mais ágil, um registro do momento presente está constantemente ao alcance da mão.

O debate continuará a existir, a assimilação das culturas acontece no contexto brasileiro, interessante é notar como estas novas tecnologias estão alterando nossos comportamentos e dia-a-dia, inclusive no interior das reservas florestais, onde possibilita uma proteção mais eficiente do povo indígena, que se utiliza de câmeras fotográficas, GPS e internet. Quem diria?


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Contribuição da agência Mavens (Londres) para o blog e-Code. Artigo escrito por Paula Zanardi.
Imagem: Agência de Notícias do Acre

Síntese sobre o panóptico social na era da exposição

Somos vigiados pelos nossos próprios amigos.



A ideia de panóptico social vem de uma teoria que levantei alguns anos atrás: vivemos uma época em que a exposição do cotidiano ganhou o interesse da sociedade. Chamo isso de “era da exposição”.

Chegamos nesse cenário por conta não só do surgimento de plataformas de redes sociais, mas pela evolução da própria sociedade. Da valorização da imagem para a sociedade do espetáculo e por aí adiante. Na televisão essa valorização do cotidiano teve início com os reality shows. A onda era ver gente comum. Um recorte amplificado do que é parte da realidade cotidiana.

Daí, do reality show para os blogs e perfis nas redes sociais foi um pulo natural. Agora o show da vida cotidiana e da loucura de cada um de nós é exposta para milhões sem a necessidade de passar pelo aval de uma emissora de TV.

Pois bem, tudo isso já é realidade.  Nos vemos no seguinte cenário: somos vigiados pelos nossos próprios amigos.

Quando você acessa o twitter, facebook ou google+, a primeira tela que lhe aparece não são informações suas ou então notícias da imprensa. São as publicações dos demais usuários. Você é convidado pela plataforma a constantemente acompanhar o que os outros estão expondo a cada minuto.

As adolescentes já ganharam o costume de publicar fotos do seu “look do dia” e esperar pela “reação” da sua audiência nas redes.

Esse comportamento faz com que não só o estilo visual, mas todo o comportamento daquela pessoa seja pautado pela opinião do outro. Nada mais natural do que já acontece há décadas dentro de qualquer escola. A diferença é que o meio digital oferece uma amplificação dessa exposição. A audiência agora não são apenas os colegas da escola, da mesma idade e perfil social. A audiência agora é global e ainda estamos descobrindo as possíveis ramificações que isso pode gerar. Muda também a velocidade com que a evolução do processo social ocorre. O desenvolvimento da moda, por exemplo, ganha uma nova dinâmica com a interferência do compartilhamento nas redes. Os mais conservadores ficariam aterrorizados em ver a rapidez com que o tamanho de uma mini saia diminui e o decote aumenta dentro de um instagram ou dujour.

Outro ponto: o costume em opinar frequentemente sobre o que é publicado pelos amigos vai se intensificando a ponto de abrir espaço para as críticas. Passa a ser “natural” criticar nas redes as atitudes do outro. Algumas vezes chega a ser uma espécie de bullying disfarçado de auto-regulamentação da moral nas redes.

É claro, há por trás disso situações clássicas e atemporais, como o confronto das classes sociais. Conforme cresce a popularização dos smartphones e consequentemente das redes sociais, mais choques culturais ocorrerão.

Porém não é só isso, há ainda uma indefinição em jogo na relação do discurso privado e  público.  Estamos - ainda - definindo limites, e em situações assim, cometemos exageros, tanto do lado de quem publica quanto de quem critica. Há o caso da carteirada da blogueira da Capricho, do post com dias de como viajar com babás e o vídeo do menino Nissin e a baleia. Além destes, vale refletir sobre as consequências do panóptico social (que se transformou num verdadeiro cyberbullying) ocorrido numa única foto publicada pela menina Julia Gabrielle.

Enfim, somos vigiados. Não só pelo governo. Antes pensávamos que a vigilância ganharia real abrangência conforme o desenvolvimento tecnológico. Estávamos certos, mas acreditávamos que haveria por trás um único órgão gestor da vigilância. Quem sabe um governo autoritário, ou talvez as próprias máquinas quando alcançassem autonomia e inteligência. Pois bem, hoje o poder maior que nos rege é a própria sociedade em rede. Nada mais óbvio. Ponto para Manuel Castells e Pierre Lévy.

Eu já disse num outro texto: estamos constituindo uma sociedade da vigilância, semelhante às ideias
de Foucault, porém agora o modelo do panóptico é social, é colaborativo. A sociedade vigia a si mesma, através das redes sociais. O "grande irmão" (de George Orwell), no final das contas, somos nós
mesmos.

O controle parece o mesmo de sempre, mas foi amplificado e tornou-se público. Mães e pais sentem-se inseguros com o que seus filhos publicam nas redes. Um delinquente marginal, um assaltante ou um pedófilo podem começar a “stalkear” e tentar uma aproximação pelas redes.

Já por sua vez, filhos de todas as idades, sentem-se completamente expostos frente a seus amigos por conta do que seus pais publicam nas redes. Uma mãe que “curte” tudo aquilo que o filho publica pode causar uma desmoralização do filho sem se dar conta disso.

Ambos os casos são motivos suficientes pra tanto pais como filhos começarem a criticar e controlar o que o outro torna público nas redes.

Piores são os casos em que a exposição ganha proporções que ultrapassam o círculo de amizade daquela pessoa. Quando isso acontece, as críticas ganham de fato um aspecto de linchamento social. Merecido talvez, mas nem sempre.

Quem já vivencia o ambiente das redes sociais no dia-a-dia - talvez - esteja mais maduro para compreender seus desdobramentos. Quem está criando agora seu perfil na rede corre risco de cometer gafes sociais por conta da sua ingenuidade com esse meio. Na ânsia de ajudar o amigo, os usuários "experientes" acabam às vezes ultrapassando o limite que separa o "mero conselho" do "controle social". Esse é o nosso panóptico social de todos os dias. Será que eu deveria ter publicado isso? ;-)