Afinal, qual o problema do tweet pago?
Resolvi trazer um assunto que apareceu durante o debate de um dos painéis do evento ProXXima 2011 na semana passada.
No palco, dois profissionais da nova publicidade: Giovanni Rivetti (Grupo BCBR) e Alon Sochaczewski (Sinc). Junto com eles estavam também Marcos Mion (para falar do projeto VivoOn Webshow) e Marco Luque (que falou sobre o projeto Na Roda do Esquerdinha).
A proposta do painel era mostrar um novo modelo de comunicação baseado em transmedia e branded content. Nesse modelo, a linguagem da televisão sofre uma adaptação para atender diferentes plataformas e sofre apropriação de Marcas que desenvolvem um modelo mais sutil e menos agressivo do que a propaganda tradicional. Belo conceito.
Mas o que chamou mesmo a atenção não foi a apresentação da propostas, mas a discussão posterior.
Foi interessante notar que celebridades do mundo da televisão como Marcos Mion e Marco Luque já aprenderam a enxergar o conteúdo produzido por eles sendo capaz de extrapolar a plataforma da TV.
Ficou nítido como ambos encaram o Twitter como mais um canal de comunicação do seu trabalho. Ou seja, apesar de transparecer um perfil particular, eles enxergam aquilo como mais uma extensão do seu trabalho.
Tanto é assim, que parte da audiência ficou incomodada com a naturalidade e tranqüilidade de Mion e Luque quando afirmaram que realizavam propaganda através de tweets e costumam cobrar por cada tweet publicado.
Fiquei pensando nesse assunto. Pois afinal, qual o problema do tweet pago? Confesso que não sou contra.
Vejo que o problema é que temos olhado muito para o canal (Twitter) ao invés de observar o seu conteúdo (mensagem). E nesse sentido, acredito que seja necessário fazer apenas algumas considerações:
- A primeira é a velha relevância. É importante falar de marcas/produtos que realmente sejam de interesse do perfil de pessoas que acompanham seus tweets.
- Também é importante que os tweets façam parte de um contexto. Nesse espaço não cabe, de maneira alguma, aquele formato de texto da propaganda tradicional. Pense nas branded radios. Imagine se a Oi FM ou a Mit FM ficassem inserindo spots de propaganda em todo intervalo da sua programação. A própria rádio já é uma comunicação da Marca. O consumidor tem um limite.
- Por fim, a tal da transparência. Ninguém que acompanha um perfil gosta de descobrir que o autor do perfil publicou um texto pronto. A relação entre o autor do perfil e seus seguidores deve ser clara. Em alguns casos, é até importante durante o diálogo pela rede, mostrar que se trata de uma ação de uma Marca. Não há razão para esconder.
Repare que as considerações estão completamente interelacionadas. E apesar de aparentar regras de como agir, costumo sempre afimar que o melhor nesse espaço é ser natural e não buscar regras de como agir ou o quê escrever.
Para encerrar, outra consideração: o mercado ainda aplica mal a ideia de comunicação em rede. Há duas formas de se fazer comunicação usando o Twitter:
1 - Sob a ótica da Comunicação de Massa: seleciona-se uma celebridade do meio artístico para para falar de determinada marca/produto em seu perfil no Twitter. Em geral são sempre os mesmos. Pois nem toda celebridade já aprendeu a usar o Twitter como Marcos Mion e Marco Luque.
2 - Sob a ótima da Comunicação em Rede: faz-se uma pesquisa para identificar alguns dos principais influenciadores do publico-alvo da marca. Essas pessoas são convidadas para participar da campanha. Apesar do número de seguidores ser infinitamente inferior às celebridades. A relação de afinidade, relevância e influência com o publico-alvo é infinitamente maior.
Por enquanto, o modelo mais utilizado nas estratégias atuais é o primeiro. A segunda opção exige um trabalho de pesquisa grande para identificar os tais "influenciadores"; e nem toda agência de publicidade está preparada para realizar esse trabalho.
Assim, muitas das campanhas que vemos no dia-a-dia acabam utilizando sempre os mesmos tuiteiros e blogueiros. Aliás, é esse um dos pontos que me leva a crer que estamos numa época de supervalorização das Mídias Sociais. Para a próxima edição da minha coluna no jornal Meio e Mensagem escrevi o texto "Quatro apontamentos sobre a supervalorização das Mídias Sociais". Fica já o meu convite para a leitura! Sai dia 16/05.
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Excelente post! Acrescento ainda que estas ações em redes sociais sempre com as mesmas "pessoas relevantes" cria uma espécie de estranhas celebridades virtuais, o que nos leva à inevitável pergunta: de que adianta ter tantas novidades se estamos fazendo publicidade usando a mesma velha receita?
ResponderExcluirEric, o post está muito parecido com a minha situação atual de agência. Seu post ajudou muito!
ResponderExcluirAbraços,
George (CECMS- turma 04)