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Uma filosofia dos meios digitais

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Artigo publicado originalmente na coluna "Pensamento Digital"
do portal JumpExec em 31/03/2008
http://jumpexec.uol.com.br/index.php?sub=5&land=ler&idArtigo=2043
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Vilém Flusser (1920-1991) foi um filósofo theco que viveu por muitos anos no Brasil e aqui desenvolveu seus trabalhos de pesquisa, muitos deles relacionados à imagem, em particular, à linguagem fotográfica.

Em um de seus livros - “A Filosofia da Caixa Preta” (1983) - ele faz uma reflexão sobre a fotografia, mas que serve bem para qualquer aparelho tecnológico de comunicação, bem como para os meios digitais.

Para ele, o avanço tecnológico permitiu o surgimento de equipamentos que desempenham sua função sem a necessidade de um conhecimento científico aprofundado sobre seu funcionamento por parte do seu usuário. Hoje em dia podemos exemplificar essa idéia a partir das máquinas fotográficas digitais: basta clicar e a foto é registrada, inclusive com certa garantia de qualidade. Aquele que faz uso do “aparelho” Flusser vai chamar de “funcionário”, pois apenas opera o equipamento, sem conhecer propriamente seu funcionamento.

A vantagem da automatização dos processos é evidente e largamente aceita pela sociedade, seja uma máquina fotográfica, uma filmadora, um software gráfico ou mesmo um carro, quanto mais prático e automatizado, melhor. O problema existente aqui é que no mundo dos “funcionários” não há espaço para criatividade.

Flusser inclusive diz que a liberdade está justamente no ato de jogar contra o aparelho tecnológico, pois caso contrário, estaremos todos produzindo produtos semelhantes, produtos automatizados, sem nenhuma originalidade ou criatividade. É somente quando você subverte o equipamento que começa a surgir um produto criativo. E para fazê-lo, é necessário conhecer seu funcionamento, ou seja, nas palavras do filósofo, é necessário conhecer a caixa preta, entender seus procedimentos, para então manipulá-los.

Ao dizer que se faz necessária uma filosofia da fotografia, Flusser defende a necessidade de conhecer a linguagem fotográfica para saber operar sobre ela e não ser operado por ela. É neste ponto ao qual faço a relação com os meios digitais.

Vivemos um momento único que é justamente o processo de formação de uma nova linguagem; a linguagem dos meios digitais. Neste contexto, só é criativo e capaz de operar sobre essa linguagem aquele que domina seus procedimentos. É hora de acordar e correr atrás, pois em breve todos que atuam na área da comunicação terão que lidar indubitavelmente com a cultura do digital.

Aqueles que desenvolvem campanhas inovadoras de marketing digital, seja um viral ou qualquer outro modelo, o fazem pois não são simples funcionários, muito pelo contrário, são pessoas que dominam a linguagem como nenhum outro, estão imersos nesse ambiente e por isso conseguem ver soluções criativas que ninguém ainda imaginou. Os outros, os funcionários, sabem apenas ler seus e-mails, pesquisar no Google e trocar scraps no Orkut.


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Artigo publicado originalmente na coluna "Pensamento Digital"
do portal JumpExec em 31/03/2008
http://jumpexec.uol.com.br/index.php?sub=5&land=ler&idArtigo=2043
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