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Exposição X Geolocalização


Há cerca de 2 anos venho insistindo na ideia de que vivemos uma "era da exposição".

A sociedade aos poucos foi evidenciando seu lado narcisista e egocêntrico. O desejo de ser visto e reconhecido foi então, incorporado pelos modelos comerciais de comunicação.

Um dos marcos desse fato, aconteceu nos anos 90, com o surgimento dos programas para televisão rotulados como "reality show". Ali, pessoas comuns conquistavam a exposição pública tão desejada.

No meio digital, foram as redes sociais, que a partir de 2001, começaram a ganhar o gosto de pessoas espalhadas pelo mundo inteiro. Elas criavam seus "profiles" e tornavam públicas, dezenas de informações que até então, eram de cunho privado.

Mas não foi apenas o caráter narcísico e egocêntrico da sociedade que estimulou o crescimento das redes sociais no mundo. Foram importantes também o desenvolvimento das culturas da colaboração e da participação, que por sinal, ganham a cada década que passa, mais valor dentro da nossa sociedade.

O fato é que principalmente nos últimos dois anos, passamos a lidar com situações interessantes como a reorganização do limite entre público e privado. Claro, esse tema já é discutido há séculos, mas nos últimos dois anos é assunto do dia-a-dia da população.

Em 2001, vi amigos considerarem absurda a ideia de alguém criar um perfil no Orkut e tornar público suas preferências pessoais, como os restaurantes mais freqüentados ou mesmo seus filmes preferidos e time de futebol. Hoje, essas mesmas pessoas não só possuem essas informações publicadas no Orkut, como em outras 2 ou três redes sociais.

Aparentemente, 2010 será mais um ano marcante. Ao que tudo indica, veremos ao longo do ano a popularização de diversas ferramentas que fazem uso do recurso de geolocalização.

Desde 2007, já começaram a aparecer recursos que indicavam sua atual posição geográfica dentro da rede, mas na época era ainda muito "estranho" tornar pública tal informação. Alguns dos serviços de geolocalização criados já nem existem mais.

Por outro lado, desde então esse assunto foi colocado em discussão, enquanto desenvolvia-se novos aparelhos e serviços baseados na tecnologia do GPS.

Chegamos então em 2010, ano em que o GPS já é um recurso facilmente encontrado em celulares. Além disso, o meio digital também já oferece diversas possibilidades de aplicação dos dados de geolocalização.


O Google Latitude (http://www.google.com/latitude)é um desses serviços que rapidamente vem ganhando novos adeptdos. Aqueles que possuem celulares equipados por com GPS, podem ter sua posição geográfica atualizada constantemente no Google Maps.

Essa informação é acessível apenas para uma lista de contatos autorizada, que eventualmente pode estar na mesma região.

Outro serviço que cresce rapidamente é o Foursquare (http://foursquare.com). Trata-se de uma rede baseada em geolocalização, mas com foco em estabelecimentos públicos. A partir do celular você indica o local onde se encontra naquele momento (restautante, bar, hotel, etc) e pode acessar informações publicadas por outros usuários da rede que já passaram por lá, indicando sua opinião sobre o estabelecimento.

Sem dúvida há ainda muito o que se criar com essa ferramenta de geolocalização. Em paralelo, também há muito o que se discutir sobre os limites entre o público X privado e essa tal de "era da exposição".

Um comentário:

  1. Esse post me lembrou a leitura do capítulo "Espaço de Fluxos" do "Sociedade em Rede" do Castells e o lance das tecnópoles. Acho que a geolocalização faz com que o conceito de espaço público mude. Fluxo de informação somado a fluxo de pessoas somado a geolocalização leva a um outro pensamento sobre cidades.

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