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Ford Focus: foi plágio, e daí?


Provavelmente a essa altura você já conhece toda história do possível plágio na campanha do novo Ford Focus. O estopim foi uma discussão gerada entre os leitores do blog Brainstorm #9, depois o assunto repercutiu e a campanha pelo visto até saiu do ar, mas confesso que não fui atrás descobrir mais detalhes. Só sei que hoje saiu mais um novo fato: foi aberto um processo por uso indevido da canção "Happy Together" da banda The Turtles.

Para que fique claro, aqui vai o tão polêmico comercial:



E aqui o comercial australiano da batata Smith’s:



Muito bem, não precisamos ser ingênuos a ponto de acreditar que foi pura coincidência. Vamos supor que os criativos tivessem conhecimento do comercial da batata Smith's. Possivelmente eles perceberam que o conceito era bom e que poderia ser aplicado ao produto deles que era completamente diferente do filme original. Além disso a campanha não tinha rodado no Brasil. Enfim, por que não reaproveitar?

Afinal de contas praticamente toda idéia surge de alguma referência do passado. Nada se cria sem um repertório.

No próprio post do Brainstorm #9 alguns leitores citam outros casos como o comercial do Burger King e da Nike em que todos os personagens aparecem cantando uma música famosa. Bom, só porque alguém lançou esse formato ninguém mais pode usar? E afinal, esse formato faz referência aos musicais do cinema. E agora? São todos os publicitários uns plagiadores descarados do cinema?

Sem dúvida, a publicidade usa a arte e todas as demais linguagens da comunicação como fonte de referência para produção do seu próprio conteúdo. A questão é determinar os limites entre a referência e o plágio. Em outubro do ano passado fiz um post sobre a apropriação de formatos na publicidade e o uso de referências na linguagem gráfica das peças publicitárias, vale a pena ler para complementar esse assunto.

Não estou, de maneira alguma, procurando defender os criativos da campanha do Ford Focus. Quero apenas levantar essa questão sobre os limites da referência e do plágio. Afinal, se tivessem feito o mesmo comercial, porém aplicado uma música diferente, é possível que não fossem acusados de plágio, no máximo, de apropriação da forma. Ou seja, a questão é o uso da música? É a forma? São essas diversas características em conjunto?

Aliás, utilizar a música sem pagar os direitos? Duvido que a agência tenha sido tão ingênua. Com certeza é um daqueles casos em que se paga o direito para determinada instituição mas uma outra aparece e diz que não recebeu. Enfim, você conhece como funciona esse mundo confuso.

Um comentário:

  1. Fiz um post recentemente comentando a questão do plágio frente à referências que se busca na hora de criar e cito inclusive q cubismo bebeu na fonte da arte africana.

    É uma questão a ser mais discutida e com maturidade.

    O caso do fime do Focus considero plágio...só acho que não foi pior pq o produto era outro...

    Referência seria se, tivessem usado o lance dos trabalhadores felizes mas com outra música, por exemplo...agora fazer td igual é anti-ético demais.

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