Não pretendia ser mais um a palpitar sobre esse assunto, mas depois de ver a capa da revista Veja desta semana e conversar com alguns amigos da área da comunicação, resolvi publicar esse breve post.
Sem dúvida a história da pequena Isabella é praticamente um roteiro de CSI. É um caso que gera indignação em qualquer um que ouve falar; mas nem por isso acredito que a população deva fazer justiça com as próprias mãos. É preciso ter paciência e aguardar a decisão da Justiça, ou seja, dos tribunais.
Porém aquele que estuda os meios de comunicação ou que ao menos conhece exemplos do passado como o caso da Escola Base, sabe que a revista Veja exagerou na capa dessa semana. Quando comentei o assunto desse post, Gilberto Pavoni Jr postou no Twitter um link que faz um resumo da história ocorrida na Escola Base e mostra a participação da Veja também nesse caso.
Na capa desta semana, o contraste de tamanho dos tipos utilizados no título da matéria, enfatizando apenas as palavras "foram eles", bem como o apelo estético da foto de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, selecionada para estampar a revista, são bons argumentos para aquele que pretenda afirmar que a revista induz seu leitor a entender que os pais da garota Isabella são, definitivamente, os "culpados". Porém, por enquanto não houve julgamento algum para que a sentença seja efetivamente publicada pelos meios de comunicação.
É fato que a revista está apenas apresentando a afirmação da Polícia, mas a construção estética da capa coloca em segundo plano esse "detalhe".
É preciso ser justo e deixar claro que a Veja não é a única. Jornais e canais de televisão diariamente aproveitam desse tema para disputar audiência, esquecendo que com isso estão suscitando a população a antecipar a decisão da Justiça.
E eles, os meios de comunicação, insistem em dizer que não são influenciadores sociais! Não, não são. Sou eu, autor desse simpático blog, que estimula uma centena de pessoas a ficarem plantadas na porta da casa dos acusados (obs: acusado não é o mesmo que culpado). E ainda dirão: - Eles, os populares, foram para lá por livre e espontânea vontade...
OBS: Será que o Ombudsman da Veja fará algum comentário a respeito? Ah! A Veja não tem ombudsman...
Esse caso é a cereja do bolo (indigesto) que a imprensa brasileira nos faz engolir todos os dias. Seria bom se, no final de tudo, fosse usado como um exemplo de abusos da mídia em toda e qualquer faculdade de Jornalismo/Comunicação. Vários programas jornalísticos mudaram sua linha editorial para poder arrebanhar mais telespectadores. Até o Mais Você e outros programas matinais abriram sua programação quase que exclusivamente para servir como um novo Linha Direta full-time. É simplesmente vergonhosa o tipo de cobertura e foco adotados pelos meios de comunicação. A "comoção nacional" sugerida pela imprensa não é natural e soa um tanto como forçada.
ResponderExcluir(cont) É o show dos pseudos: jornalistas de araque, psiquiatras e psicólogos de quinta analisando superficialmente algo em que o buraco é bem mais embaixo. Cada um buscando seus próprios 15 minutos de fama. Vale assinalar também o comportamento do povo, registrando com esse fenômeno que é uma câmera acoplada a um celular, algo que será esquecido em algumas semanas, e invadindo o espaço do outro. Um verdadeiro freakshow onde a dor alheia é o ator. É uma pena que nosso principal semanário não passe de mais uma piada.
ResponderExcluirEssa revista, que só merece ser grafada em minúsculas "veja", pela seu apequenamento de caráter é a imprensa marron em papel acetinado e impressão em cores - e neste caso da menina assassinada sintetiza o triste papel da imprensa.
ResponderExcluirPapel mais triste ainda o de um histriônico procurador, que busca a luz dos holofotes e da fama fácil, de uma justiça que não coíbe tal massacre, e uma polícia que de repente é "super científica", tão científica em seus detalhes "CSI" que nem dá pra acreditar em tão súbita competência.
Qua o casal seja culpado é até o mais provável, pelas evidências a nós dadas ter acesso, mas a maior vítima, além da menina assassinada, é a socieidade civilizada como um todo e nossas instituições, para além da mídia.
Triste ver que até a prefeitura colabora com o populacho que só falta ter archotes a iluminar as tentativas de linchamento - colocando até banheiros químicos para suportar a expressão fisiológica do aglomerado que sequer permite aos que residem nas proximidades de ter uma vida normal.
O pior é que nesses banheiros químicos a tal revista "veja" não é muito útil, pois já vem marron e não permite uso mais útil...
Concordo plenamente com você, Eric. Mais uma vez, Veja exagerou. Gostaria de saber a tiragem dessa edição, já que a capa explorou o máximo que pode a situação para vender mais revistas.
ResponderExcluirTenho que admitir que os profissionais de Veja estão entre os melhores do Brasil, mas é uma pena que esse talento seja utilizado de forma tendenciosa e antiética.
Além da venda de material dito "informativo" é mais uma estrofe do famoso "pão e circo", o único problema é que o nosso pão está mais caro (e o nosso arroz também). Quantas e quantas vezes já vimos isso acontecer? Um assunto tranformado em cenário perfeito pro espetáculo em troca de sussurros no que realmente importa, no que realmente afeta todo mundo. Vale dizer que a tal revista não só se utilizou do espetáculo como é de praxe, como também tranferiu a atenção pra outro ponto.
ResponderExcluirEnfim uma publicação decente sobre este caso!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, está adicionado aos meus favoritos.
Abçs.