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Nome Próprio: no ritmo da digitação de Leandra Leal

Acabei de sair da pré-estréia. Valeu a pena, mas é preciso acostumar-se com um filme levado ao ritmo da digitação da personagem.

Baseado nos livros de Clarah Averbuck, principalmente em "Vida de Gato" e "Máquina de Pinball" que, por sua vez, possui trechos oriundos dos posts publicados em seu extinto blog Brazileira!Preta. Porém Clarah Averbuck prefere explicar em seu blog atual que já era escritora antes de virar blogueira e não o contrário. Assim como no livro Vida de Gato, em Nome Próprio (Murilo Salles - 2007) o personagem principal é Camila (Leandra Leal), alter-ego da autora, e conta sua trajetória de vida enquanto escreve seu blog e tenta iniciar um livro. Apesar das referências, não se trata de uma auto-biografia; é uma ficção. Tanto o filme quanto o livro.

O diretor, Murilo Salles, soube aproveitar um tema que tem potencial para gerar mídia espontânea, assim como foi o caso do filme Juno (Jason Reitman - 2007) que leva o roteiro da blogueira Diablo Cody. Tanto é assim que para a pré-estréia foram convidados diversos blogueiros (esperando gerar com isso divulgação espontânea entre os blogs). Trata-se de um filme de baixo orçamento e como tal, considero válida a solução um tanto "colaborativa" para a divulgação do filme. Tem até blog do próprio filme. Além do filme, é provavél que a própria Clarah ganhe visitas em seu novo blog e muitos "followers" no Twitter.

Retomando o filme, algo que incomoda são os exageros. Logo na primeira cena há aquela característica brasileira de chocar através da nudez exposta e ampliada. Pensei que esse clichê dos filmes brasileiros havia caído em desuso. O filme usa e abusa da exposição do corpo, acredito até, de forma desnecessária. É fato que o filme fala de sexo, entre outras coisas; mas a necessidade em chocar com a nudez-quase-pornográfica corta o envolvimento com a narrativa do filme.

O ponto positivo fica por conta da interpretação de Leandra Leal (realmente incrível) e da solução encontrada para expor os textos publicados pela personagem. Palavras que ocupam a tela, invadem as paredes, locuções em off, enfim, diversos recursos que conseguem chamar a atenção e merecem elogios, a não ser pela sua frequência. Grande parte do filme se passa na frente do computador e isso traz uma monotonia que incomoda. Mas é um filme sobre blog, internet, enfim, o que experar afinal? Como disse antes, basta apenas ter paciência para acompanhar um filme que é levado ao ritmo da digitação da personagem.

Por fim, não se assuste. Merece sim a sua audiência, por isso mereceu o post! Só não acredito que vá fazer parte da sua lista dos 10 melhores filmes da sua vida. Estréia ainda neste mês. Abaixo o trailer do filme.



Antes de terminar:
- Vale a pena prestar atenção pela interessante solução estética de enquadramento e movimento de câmera que acompanha o resgate da personagem Camila no mar do Rio de Janeiro. É quase capaz de proporcionar a mesma tontura que sente a personagem. Há uma pequena falha nessa cena: o olhar mais atento notará aparecer rapidamente a mâo que segura a câmera, no canto superior esquerdo da tela.

- Por falar em tontura, outra cena extremamente forte é aquela em que Camila chega bêbada em casa e vomita sobre o teclado do computador. A cena é tão impactante que provavelmente chegará a causar a mesma reação gástrica em um ou outro espectador mais sensível.

Mais sobre:
- Nome próprio pra galera (post da Clarah em resposta à repercussão do filme na blogosfera)
- Nome Próprio: Um nome que não é meu (LadyBug Brasil)
- Nome Próprio (Idéia Digital)
- Nome próprio - Murilo Salles (Um livro por semana)
- Nome Próprio: uma porno-digitada (no15)
- Sob a tag blogueiros (Ana Carmen)




2 comentários:

  1. Oi, Eric
    Pena que vc não foi com a gente tomar cerveja ontem. Ainda bem que vc contou o que achou aqui. bj

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