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Sobre a pirataria e um pouco de Radiohead e Tropa de Elite

Tropa de Elite, filme de José Padilha, já foi muito comentado nas últimas semanas. Um dos pontos fortes do filme é evidenciar como o consumo de drogas influência o tráfico de armas e a corrupção policial.

É uma tentativa de mostrar ao usuário casual de drogas como ele participa, quase que ativamente, para a guerrilha armada do Rio de Janeiro e o enorme volume de policiais corruptos. Osso duro de roer. Pega um, pega geral, quem sabe, também vai pegar você.

Claro, esse não é o único motivo, mas como seria se não houvesse consumo de drogas? Se não há demanda, não existe comércio.

De forma semelhante funciona o mercado da pirataria. E esse tema é tão complicado quanto o anterior. É preciso distinguir pirataria de distribuição de material autoral.

Aquele consumidor ingênuo, que compra cd pirata de músicas, filmes e jogos também pouco se atenta para sua participação em todo o processo de corrupção e ilegalidade que ocorre para que aquela banca de CDs piratas esteja ali na esquina. A cópia ilegal é apenas um dos danos envolvidos nesse simples ato. Talvez o menor!

Parece-me claro que a comercialização da cópia ilegal é de fato muito pior que a distribuição de material autoral.

Esse post é pequeno para discutir toda essa questão, mas especificadamente sobre a distribuição de material autoral, essa semana mais uma banda de música gerou polêmica ao levantar esse debate.

A banda Radiohead decidiu lançar seu novo álbum “In Rainbow” na internet com download mediante pagamento com valor “a ser definido” pelo consumidor (veja mais no post anterior).

Retomando Tropa de Elite, muito se falou sobre o vazamento de uma cópia do filme antes mesmo do lançamento. Falou-se tanto que gerou expectativa, muita mídia espontânea e sucesso de público no Festival do Rio. Há males que vêm para o bem? Ou estratégia de marketing viral?

Como costumo dizer, o problema não é a distribuição do material autoral, mas o modelo de negócios que ainda sustentamos nos dias de hoje; baseado num paradigma legal e fonográfico que não condiz mais com o modelo de paradigma da cultura digital que vivemos atualmente.

Compartilhar é um valor que ganhou importância dentro dessa cultura digital. A troca de informações é essencial e com isso, fica cada vez mais difícil de entender a razão de você não poder deixar à disposição dos seus amigos uma música que você gostou e recomendaria e em troca, receber destes amigos outras músicas. Por quê?


Fica aqui a recomendação de um livro, que por sinal, está disponível para download na internet. Trata-se de Cultura Livre, de Lawrence Lessig, professor de direito na Stanford Law School e criador do projeto Creative Commons. Clique aqui para acessar o site da Trama Universitário e baixar o livro.

Mais sobre:
- Webinsider - A luta em Tropa de Elite e a luta pela cultura livre
- Webinsider - Tropa de Elite: a hora da verdade
- Podcast da Justale

3 comentários:

  1. Mas vc não acha que apesar da pirataria o filme vai ser um sucesso de bilheteria? Sim, o modelo de negócios da indústria do entretenimento é completamente equivocado para os dias de hoje. Bjs

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  2. Sim! Filme com boa crítica sempre dá bilheteria... acredito que a cópia, no caso do Tropa de Elite, só ajudou na divulgação e ainda permitiu que o filme fosse visto por uma classe que não frequenta o cinema, por causa do custo, mas é interessada pelo tema do filme.
    Passei a impressão errada no post?

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  3. Eric, que coincidência: acabei de gravar um podcast onde faço uma comparação entre Tropa de Elite, o cd gratuito do Radiohead, a web 2.0 e as novas estratégias de marketing! Concordo com tudo o que você escreveu!

    Seu blog é ótimo! Parabéns!

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