Por conta disso, resolvi publicar agora um novo post, apresentando desta vez alguns comentários e conclusões pós tempestade (em copo d´agua):
- A intenção do post era discutir a qualidade e criatividade da campanha, já que me interesso pelo assunto (desde 1995 trabalhando com marketing digital e atualmente também sou pesquisador da área de mídias digitais e professor na graduação em comunicação - publicidade e propaganda – ver mais). É por essa razão que mantenho esse blog, procurando trazer para os leitores assíduos deste blog, em sua maioria, amigos pessoais, as novidades na área e apresentar diferentes “cases” de marketing digital como pode ser visto nos posts publicados desde o nascimento do blog e-Code.
- Desta forma, na noite de domingo para segunda, ao deparar com a capa do portal ESTADÃO e depois verificar que se tratava de uma ação de propaganda, fui investigar para trazer mais informações aos leitores do e-Code e assim promover um debate sobre o tema.
- Neste caso em especial, o aprofundamento esperado era a reflexão sobre essa nova tendência de marketing digital e suas variações, como o viral, buzz marketing e guerrilha. Essa estratégia particular do marketing, em resumo, tem como proposta aproveitar das redes sociais, sejam virtuais ou não, para propagar uma mensagem de forma espontânea, utilizando os próprios agentes atingidos inicialmente pela ação de comunicação.
- Por se tratar de um modelo ainda novo de marketing, nenhum profissional da área, ou mesmo eu, que atuo profissionalmente na internet desde 1995, pode afirmar que possui experiência no assunto. Estamos todos conhecendo esse novo modelo, aplicando na prática ações inovadoras e verificando os resultados obtidos. Com isso, corremos o risco de cometer erros e temos a responsabilidade de corrigí-los caso ocorram.
- O fato desta segunda, em particular, fez uso de um tema “catastrófico” que envolve um desastre eminente, bem como a busca pela verossimilhança com um material de cunho informativo/jornalístico, características que foram provavelmente os deflagradores da polêmica gerada entre o público.
- Ao receber as primeiras mensagens no blog, notei que o post ganhou uma função adicional, além daquela para a qual foi criada inicialmente, conforme citei acima. Notei que grande parte do público atingido pelo teaser nos portais UOL e ESTADÃO não entenderam o material como uma publicidade e passaram então a utilizar a internet para buscar mais informações.
- Digo isso, pois através de uma análise dos dados estatísticos do blog, verifiquei que 53.46% dos visitantes da segunda-feira chegaram até o e-Code a partir de portais de pesquisa como o Google outros 14.38% a partir de links publicados por usuários do Orkut, representando assim a maioria dos visitantes. Os demais acessos são oriundos de outros fóruns de discussão, blogs e também links inseridos em e-mails enviados de uma pessoa para outra. O link também foi inserido em ferramentas como os portais de divulgação de notícias, mas o acesso a partir dessa fonte foi muito pequeno; no caso do portal Rec6, representou apenas 0,24% do total de visitantes.
- Decorridas 24 horas desde a publicação do post, o e-Code havia recebido cerca de 200 comentários, mais de 9.700 visitas e 12.800 pageviews. Hoje, dia seguinte após toda a polêmica, o blog já ultrapassou mais de 10.800 visitas, sendo que 91.24% são novos visitantes. Sobre o aspecto geográfico, é possível verificar que 95.19% são visitas originadas do Brasil, e destes, 61,35% são de São Paulo e Rio de Janeiro.
- Ou seja, são números aparentemente grandes para um blog particular, mas por outro lado, pequenos para uma empresa de presença internacional.
- De qualquer maneira, os dados estatísticos, bem como os comentários dos visitantes mostram que o post passou a funcionar como fonte de esclarecimento, inclusive porque no decorrer do dia alguns veículos de comunicação anunciaram equivocadamente a informação do asteróide como verídica. Esses equívocos foram desfeitos ainda no mesmo dia: os veículos de comunicação corrigiram a informação, os portais em que a publicidade (teaser) foi anunciada retiraram o material e os seus criadores da campanha, bem como a própria empresa-cliente, emitiram notas tanto nas mídias envolvidas como neste blog.
- Porém, ainda assim, todo o fato permanece como um “case” interessante para reflexão sobre as estratégias de comunicação em meios digitais.
- E ainda, retomando o propósito inicial do post, é interessante notar que por conta da utilização do e-Code como fonte de esclarecimento, ele próprio, bem como alguns outros blogs que trataram do assunto, tornaram-se agentes de uma ação espontânea de propagação de informação.
- Diferentes ferramentas participaram dessa ação espontânea. Como já citei, o blog foi acessado na sua maioria por novos visitantes (e não os leitores assíduos), originários dos portais de pesquisa. Usuários do Orkut publicaram o link deste blog em diferentes fóruns que surgiram tratando do tema durante o dia. Além disso, como indicado por aqueles que deixaram comentários, muitos receberam o link do blog por e-mail, e retransmitiram para seus conhecidos. Além, é claro, das citações e referências entre diferentes sites. Informações contidas neste blog foram republicadas em portais de noticias. Durante o decorrer do dia formou-se também uma rede a partir do cruzamento de links entre os diferentes blogs que comentavam o assunto. No próprio e-Code aparecem links para outros blogs em meio aos comentários dos visitantes, assim como referências para esse blog foram publicadas em outros.
- Resolvi então apresentar todos esses dados para mostrar como uma ação espontânea pode propagar-se a partir de diferentes recursos da internet num curto espaço de tempo.
- Caso não tenha acompanhado todo o caso e queira ver o post original, clique aqui.
- UPDATE: Em novembro a Kibon lançou uma campanha em que simula uma notícia de jornal. Mas neste caso ela utiliza algumas técnicas para garantir a ética, veja aqui.
É isso aí, Eric, documentando etapas de pesquisa. Essa história dá um artigo científico...
ResponderExcluirabços,
Lilian
E antes de morrer ainda quero pular de para quedas...
ResponderExcluirÉ Éric, acho q a publiciade está cada vez mais desesperada por coisas novas. Não julgo o teaser, pois acho q a forma impactante realmente chama mta atenção, e promove resultados, porém concordo na parte do mau gosto. Qndo se trata de um asunto desses, que não temos domínios, nem certezas se são passíveis de ocorrer ou não, as cnsequências podem ser avassaladoras. Usar de astereoides foi um pouco além. Acredito que a agência responsável por isso não imaginava que fosse causar tanta polêmica, ao invés da curiosidade-consequencias de um teaser.
ResponderExcluirTendo em vista que a criatividade está saturada, onde nada parece novo, é tudo copiado, resta saber até onde a inovação pode chegar, sem apelar para o mau gosto.
Sinceramente?..Tô curiosa pra saber!heh
Bjao!
Me assusta as pessoas classificarem a notícia falsa como de mau gosto. Além de falsa, a notícia tem objetivo comercial, ou seja, lucro. Falam de ética e responsabilidade social, coisas que o anúncio não atende mas ainda se esquecem de das virtudes básicas que há tempos desapareceram do vocabulário da humanidade: Honra e Honestidade. E neste aspecto, o anúncio é, claramente, contrário. Aos que acharam o anúncio de mau gosto, creio que seja necessário repensar os princípios básicos que cada pessoa deve seguir e jamais os fins justificam os meios. Realmente é desagradável ver alguém postar: de mau gosto, mas funcionou, foi uma idéia interessante...
ResponderExcluirAcho que não fui muito preciso no último post, por isso, complemento de uma forma mais sintética: O erro: Divulgar notícia potencialmente perigosa, podendo causar convulsão social (muito grave), objetivando, unicamente, LUCRO (gravíssimo!!!). Isso, por si só já desmerece a empresa de qualquer defesa, cabendo apenas a retratação pública, em veículos de massa, o que demonstraria o mínimo de respeito com a Humanidade. Mas não, além de cometerem O erro, insistiram nele, criando diversos outros canais para sua sustentação. E, depois de tudo, ainda insistem na campanha. E isso apenas vem confirmar o total desinteresse da empresa resolver a situação. Assim, no final das contas, deixa clara a intenção da empresa: Lucro, seja qual for o custo. Não é falta de ética, é falta de honra entre as pessoas que desenvolveram a campanha. Não é falta de responsabilidade social, é desonestidade descarada.
ResponderExcluirMeu Deus que absurdo, sera que o conar não vai submeter a Citroen a nenhuma punição, isso não é classificavel , biblicamente é condenavel( enganar o proximo e dizer: ah não vê que fiz isso de brincadeira?) Só fazem uma coisa dessas aqui no Brasil, por que aqui a Justiça tem preço, e os espaços vagos da lei, dão margem a impunidade. Lamentavel que eles tenhão feito isso em um país não é uma verdadeira terra de ninguém. Citroem vc perdeu eternamente todos os meus votos.
ResponderExcluirAécio Mello