A mídia de massa definitivamente descobriu o Twitter e consequentemente o espaço das redes sociais.
Este início de ano foi marcado por diversas citações sobre o Twitter. Os últimos artigos publicados pela mídia impressa em São Paulo foram da revista ISTO É (Meu mundo em 140 caracteres - 19/02/2009), REVISTA DA SEMANA (CAPA: Nem Tudo que faz Sucesso na internet é bom para você - 26/02/09), o caderno LINK do jornal ESTADÃO (CAPA: Twitter, pronto para alçar voo - 09/03/2009) e nesta semana mais uma capa na revista ÉPOCA (CAPA: Você já usou o Twitter? - 16/03/2009).
É verdade, a maioria dos artigos acabam falando do mesmo. Em geral, apenas apresentando o serviço. Algumas vezes até mesmo o discurso se repete. Veja por exemplo a solução encontrada pela REVISTA DA SEMANA para iniciar seu artigo:
Agora veja como a revista ÉPOCA iniciou sua matéria publicada 3 semanas depois:
E provavelmente outros optaram pela mesma solução estética para comentar a característica da limitação de 140 caracteres.
Além de apresentar e explicar a ferramenta, mais interessante é que em algumas das reportagens o Twitter serviu de referência para um princípio de discurso sobre questões envolvendo conceitos como colaboração/compartilhamento e privacidade/exposição.
A revista ÉPOCA foi uma das mídias que aproveitou para aprofundar o assunto nesse sentido, trazendo inclusive uma reportagem com a amiga e parceira acadêmica Raquel Recuero, professora da UCPel no Rio Grande do Sul. Ela inclusive mantêm um blog muito interessante sobre essa área de redes sociais.
Acredito que mais do que discutir as características e funcionalidades de serviços como o Twitter, é interessante refletirmos sobre suas influências no nosso cotidiano e na nossa cultura. Tanto é que outra coincidência com o artigo da revista ÉPOCA acontece com o uso do termo "era da exposição".
O artigo da revista ÉPOCA começa da seguinte forma: "Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Público e privado começam a se confundir. A ideia de privacidade vai mudar ou desaparecer." Se você experimentar fazer uma busca no google pela expressão "vivemos a era da exposição", verá que na primeira página de resultados da pesquisa aparecerá o link para um artigo meu publicado em janeiro de 2008 no portal da JumpExec. Os demais links que aparecem no resultado, em sua maioria, são posts de blogs que analisam esse mesmo artigo.
É, portanto, a primeira vez que vejo um outro espaço fazer uso do termo "era da exposição". Se a mídia está aproveitando desse termo, isso pode ser um sintoma. Quem sabe, aparentemente, a sociedade começou mais uma vez a refletir sobre as já antigas questões que envolvem a exposição da vida privada.
Eu resolvi experimentar e vivenciar essas mudanças de paradigma. Costumo frequentar as principais redes sociais e posso afirmar que cada vez mais, informações pessoais são registradas na internet.
Aliás, é preciso atentar para duas características importantes:
1 - Os dados não são registrados exclusivamente em forma de texto. É possível que você encontre publicado por aí meu e-mail, minha idade ou quais filmes e livros eu já li. Mas além disso, também é possível encontrar fotos e vídeos produzidos por mim ou que retratam a minha pessoa.
2 - Outro fato crucial é que todo esse material pode ser publicado pelo próprio autor ou quem sabe por outras pessoas. Tenho fotos minhas espalhadas pelo Flickr por conta de eventos que participei, não fui eu quem publicou nenhuma delas. Algumas eu nem mesmo conheço o autor. E alerto: não adianta inflamar aqui o discurso do direitos de imagem. Em breve o volume será tão grande que não teremos como controlar. Sua imagem estará publicada na web e você nem terá ciência disso.
Pense no seu caso. Quais foram os últimos eventos sociais que você participou? Festas, casamentos, congressos, seminários. Quantas pessoas estavam por ali fazendo fotos? Quantas delas acabaram clicando você propositalmente ou mesmo ocasionalmente? E quais destas fotos foram acabar numa rede social como o Flickr, o Facebook ou o Orkut?
MAIS SOBRE:
- Vivemos em plena era da exposição
- Como anda a reputação da sua marca?
- Twitter ganha usuários e espaço na mídia
- Twitter é capa da Revista Época
Quem mandou ser referência em redes sociais... Acaba sendo copiado!
ResponderExcluirMuito bom o post.
Acho que as coisas estão mesmo saindo um pouco do controle, mas ainda podemos tomar cuidado com coisas mais graves e expositivas. Por mais que as pessoas coloquem as coisas sem seu consentimento, a imagem é sua e você tem o direito de pedir pra tirar. Ela só fica lá se você quiser.
O problema é quando você não vê...
Realmente,
ResponderExcluirHoje em dia tenho a impressao de que se uma pessoa nao aparece em nenhum lugar da internet ela, simplesmente, nao existe.
Medoo!!!
Ingrid
http://brasilcomz.wordpress.com
Essa coisa de exposição depende apenas de você. Eu tenho facebook, blo, twitter, lastfm, msn, mais uma pá de outras assinaturas em redes sociais e só exponho o que eu quero.
ResponderExcluirVocê está no controle, As pessoas expõem o que querem.
A exposição é inevitável quanto as fotos, isso depende de outros. O que depende de nós mesmos são as informações que deixamos a vista. Você pode controlar quem quer que veja essas informações. O Limited Profile serve para isso, as vezes você não quer compartilhar com outras pessoas a viagem que você teve com a família.
ResponderExcluirHoje só é relevante e super-exposto quem quer ser e que diga algo importante e diferente frequentemente. Caso contrário, é só mais um falando que está na fila do banco através do iPhone.
O tema é muito interessante, as redes sociais estão provocando uma mudança muito importante na comunicação. E não dá pra prever com precisão para onde essas mudanças vão nos levar, pois são muitas as variáveis.
ResponderExcluirÉ muito bom saber que estamos vendo de perto tudo isso.
Parabéns pelo post
Eu já desencanei dessas coisas há muito tempo. Há câmeras de segurança por todos os lados, dados estudantis e profissionais disponibilizados online e perfis em redes sociais ad nauseam. Por essas e outras, me conformei: minha vida é um blog, um twitter, um facebook, uma busca no Google aberta. Vivemos um período de transição, de mudança de paradigmas. E não creio que isso seja necessariamente ruim.
ResponderExcluirEu li um post no Orkut que uma pessoa não queria expôr a sua privacidade lá. Chega uma menina falando: "se quer privacidade, sai no Orkut!". Achei engraçado e um tanto curioso porque não deixa de ser verdade.
ResponderExcluirQuem controla somos nós mesmo, com certeza. Mas quem não faz parte de alguma rede social ou não conhece Internet é considerado obsoleto. Não existe um meio termo.
Acredito que vivemos também da era do compartilhamento de informações. Não era essa a intenção da Web 2.0? E é como você me falou no Twitter: se queria propagar uma notícia ou um fato, ótimo! Mas, ao menos, cite a fonte...
Parabéns pelo post, professor! Aproveite e mande o link do blog para as redações Época e Revista da Semana para não ficar esperando por mais de 1 ano as coisas novas da comunicação!
Acredito que a pior mídia social para a exibição alheia da imagem é o Youtube.
ResponderExcluirNa Televisão existe por lei a política de exibição de imagem. E no youtube? Já vi vários vídeos de gente drogada ou bêbada na balada, que certamente não aprovaria essa veiculação, no entanto ela está lá, sendo exibida para o mundo inteiro pela internet. E pode causar danos morais e pessoais a pessoa envolvida
E como criar uma lei para algo na internet? A lei do Brasil não seria a mesma que na África do sul, mas eu posso usar o argumento que quando veiculei tal imagem estava em outro lugar do mundo.
Questão complicada.
Ingrid